Não possuo números, mas tenho amigos e conhecidos no Orkut e grande parte dos usuários deste ambiente está lá para encontrar pessoas que não veem há muito tempo, para bisbilhotar a vida de conhecidos ou até mesmo de amigos.
O nosso dia-a-dia se tornou muito corrido, agitado e dificilmente conseguimos tempo para tomar uns chopes com todos os grupos de amigos que temos desde a época da escola. Já imaginaram se tivéssemos que cumprir uma agenda de reuniões para rever todos os nossos amigos desde a época do primário (tem gente que vai ler isso e nem vai saber o que significa primário)? Nossos dias não seriam suficientes para todas as amizades que fizemos em algum momento de nossas vidas.
Aí entra o Orkut, uma ferramenta de mídia social onde podemos manter contatos com várias pessoas que não conseguimos encontrar no cotidiano. Eu, por exemplo, falo com muitos amigos e ex-alunos da época do ginásio e também da primeira instituição de ensino superior onde ministrei aula. São contatos conquistados a mais de dez anos.
Na verdade, a proposta para o Orkut era ser uma ferramenta onde você tivesse tudo ali: fotos, blogs, vídeos e comunidades para contatos e muito mais. Mas quantas pessoas você conhece que participam ativamente de comunidades por lá? Eu conheço poucas, a grande maioria traça seu perfil pelos ambientes que elas fazem parte. Por isso, existem usuários com mais de 100 comunidades no Orkut. Dessa forma, podemos dizer que as pessoas usam estes espaços para traçar a sua personalidade.
A grande verdade é que um dia alguém sentiu necessidade de dizer a muitas pessoas o que estava fazendo e nessa onda “dropou” o Twitter. Ora, não tenho dúvida que você sabe o que é o Twitter, seu amigo do trabalho também te segue no Twitter e você junto com ele são seguidores de muitos outros usuários. A grande sacada é explicar para a sua mãe, que até tem Orkut, que agora o hype é o Twitter!
No fundo, ele é uma ferramenta para pessoas que gostam de dizer a muitas outras o que estão fazendo e/ou para pessoas que gostam de acompanhar profissionais que tocam tendências ou que são legais. O Orkut era só para fofoqueiros. Nele, você não ficava dizendo o que estava fazendo durante o seu dia. Os fofoqueiros de plantão, no máximo, viam suas novas fotos e sabiam da sua vida através de imagens de vídeos ou através de conversas por scraps. Duvido que você não seja uma daqueles que quando está batendo um papo mais íntimo no Orkut escreve um testemunho, no lugar do scrap, e pede que a pessoa apague depois. Isso é justamente para evitar que os fofoqueiros de plantão consigam o que querem.
Já no Twitter você pode assumir a posição de seguidor ou de seguido. Você só precisa escolher qual será a sua postura ali. Se você é do tipo caçador de tendências, vai preferir seguir mais do que ser seguido, se é do tipo “conector” ou gerador de tendência, vai preferir ter muitos seguidores. É importante deixar bem claro também que só usa essas ferramentas quem quer e se você prefere privacidade e não gosta de gente te acompanhando como novela, o ideal é não usar o Twitter, pois logo muitos seguidores aparecerão.
O papo está muito bom, mas onde entra o Marketing Digital nessa história? No fundo, se temos muitos seguidores ou se seguimos muitas pessoas, isso nos mostra que muitos usuários estão no Twitter. E, se temos usuários no Twitter, no fundo temos também consumidores on-line. Logo, se temos ali pessoas com poder de compra, então por que não temos marcas, produtos e serviços seguindo e sendo seguidas?
Infelizmente, ainda não vemos muitos players fazendo com qualidade ações de marketing no Twitter. Hoje, realmente são poucos que fazem alguma ação bem desenhada por lá. Acredito que teremos duas transformações e provavelmente uma delas ainda vai gerar uma terceira em breve.
Hoje, o Twitter, principalmente no Brasil, é composto somente de heavy users: são os alphas, os caras que tocam as tendências no meio on-line. Em breve, teremos os usuários que vão aos poucos conhecendo o Twitter, se interessando e com isso outras ferramentas vão perdendo share de mercado.
Ou você acha que os usuários de internet, heavy users, têm realmente tempo para administrar todas as ferramentas que conhecemos (Plaxo, Ning, Orkut, Hi5, FaceBook, Twitter e outras)? Na verdade, você escolhe duas no máximo e o resto você até entra, mas uma vez na vida e outra na morte, certo? [primeira transformação]
Já percebo que o Orkut não é mais o mesmo e o Twitter tem tudo para “roubar a cena” nos próximos semestres. Na verdade, ele já vem roubando. Com isso, provavelmente o Google vai fazer uma oferta generosa ao pessoal do “viveiro”. [segunda transformação]
Sendo assim, ou as marcas ficam atentas às mudanças e começam a planejar uma ação de presença mais forte e bem desenhada em ferramentas como o Twitter ou, então, teremos mais uma ferramenta com pouca ou nenhuma exploração, quando as possibilidades seriam enormes.
O Orkut já serviu de lição. Só hoje estamos vendo alguma tentativa de ações mais bem elaboradas por lá. Para se ter uma ideia, somente agora que os anúncios gráficos do AdWords (content network) começaram a se apresentar em perfis de usuários. Há quanto tempo já somos usuários dessa ferramenta?
Além disso, existe atualmente uma nova era de mensuração de resultados, que é o buzz monitor, ou seja, você acompanha o que estão falando de sua marca em fóruns, listas, sites, blogs, Twitter, Orkut e outros. Cada vez mais as marcas terão que se preocupar com o que o consumidor fala delas na internet. [terceira transformação]
Por Gustavo Loureiro
Professor do Instituto Infnet, faz parte da diretoria da ABRADI-RJ e mantém um blog sobre marketing e negócios, o Marketeando.
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